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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Linguiças calabresas

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Em tempos de grampos telefônicos, a paranoia anda se espraiando...

_ Alô?
_ Quem fala?
_ Quem quer saber?
_ Quem é, por favor?
_ Diga você quem é.
_ O Dr. Márcio está?
_ Quem quer saber?
_ Está ou não está?
_ Depende.
_ Depende do quê?
_ De quem quer saber.
_ É o…
_ Espere! Qual é o assunto?
_ O assunto é com o Dr. Márcio.
_ Pode dizer pra mim.
_ Mas quem é você?
_ Primeiro me diga quem é você.
_ Aqui é o…
_ Não use seu nome verdadeiro!
_ Por quê?
_ Use um pseudônimo.
_ Que história é essa? Por que pseudônimo?
_ Podem estar gravando.
_ Quem?
_ E eu sei?
_ Dr. Márcio… é o senhor?
_ Não. Meu nome é… deixa ver… Balduíno.
_ Você se chama Balduíno?
_ Claro que não. É pseudônimo. Invente um também.
_ Isto é ridículo.
_ Eu vou desligar.
_ Está bem! Frajola.
_ “Frajola”?!
_ Jaime! Jaime!
_ Muito bem, Jaime. E qual é o assunto?
_ É com o Dr. Márcio.
_ Pode me dizer que eu transmito pro Márcio. Que também é um pseudônimo, claro.
_ “Márcio” não é o nome do Dr. Márcio?
_ Depende do assunto.
_ É sobre o pacote que ele encomendou do…
_ Espere! Não fale assim tão claramente. Use linguagem figurada.
_ Linguagem figurada?
_ É. Em vez de pacote, diga coisa. Não, “coisa” pode ser mal interpretada. Diga “encomenda”.
_ A encomenda que ele encomendou do…
_ Não diga o nome!
_ Por quê?!
_ Não queremos incriminar ninguém.
_ Mas não há crime algum!
_ Isto vai depender da interpretação. Esta conversa já está pra lá de suspeita.
_ Eu só queria avisar ao Dr. Márcio que as lingüiças chegaram.
_ As lingüiças. Boa, boa.O pseudônimo de “encomenda”.
_ Não, são linguiças mesmo.
_ Um pacote de linguiças?
_ É. Calabresas. Que o Dr. Márcio encomendou do… De alguém.
_ Já entendi! Já entendi tudo. Você é que está gravando este telefonema. Esta conversa toda é para me incriminar. Ou incriminar o Márcio. Pseudônimos. Linguagem figurada… Já vi tudo! Amanhã ela sai no Jornal Nacional e é óbvio que “pacote de linguiças calabresas” vai parecer código.
_ Mas foi você que sugeriu os pseudônimos, a linguagem figurada, o…
_ Arrá! Vocês não me pegam. Nego tudo. Aliás, nem sou eu falando. Provem que sou eu.
_ Quer saber de uma coisa, seu Balduíno? Pra mim chega. O recado está dado. As linguiças chegaram. Passe bem.
_ Espere. Agora me lembro. As linguiças que eu encomendei. Calabresas. Claro, claro. Me lembrei.
_ É o senhor, Dr. Márcio?
_ É. Claro, claro, sou eu. Desculpe. Sabe como é. A gente vai ficando meio paranóico…

Luiz Fernando Veríssimo

7 comentários:

JPM disse...

Olá,
Boa essa!
Pena que o LFV, como ninguém, não tem total liberdade de expressão!
Saúde e felicidade.
JPMetz

Atitude: substantivo feminino. disse...

Haja linguiça calabresa minha filha!
Essa paranóia de segurança da informação está em todos os cantos. Fomos aprisionados por nossos próprios inventos!

Emilene Lopes disse...

Muito boa essa crônica, rs
Bjs Sônia
Mila Lopes

Wanderley Elian Lima disse...

kkkkkkkkkkkkkkk, adorei. Luiz Fernando é muito bom em seus textos.
Beijos

Madame Mim disse...

kkkkkkkkk
Muito boa essa!!!
O pior é que eram somente "linguiças"...
Nem para elas temos mais sossego...rsrrs
Bjs

Anônimo disse...

KKK...Muito legal!Do jeito que a coisa está tem que tomar todo cuidado!Adorei o texto!A vassourinha está uma graça!Bjs,

Mimirabolante disse...

Amiga,mt engraçado.....fugindo ao assunto:eu não como pimenta,porém,acho lindas demais e as suas fotos!!!!!!

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