Mensalão quebra encanto petista

 "Com a promessa de um governo fundamentado na ética e no combate à corrupção, o PT conquistou muitos eleitores no decorrer dos anos. Mesmo antes de Luiz Inácio Lula da Silva ser eleito presidente, a promessa de justiça social fascinou muitos brasileiros.

 Depois de dois anos de discursos inflamados, essa história aparentemente chegou ao fim. “Como em um conto de fadas, um dia o encanto se quebrou”, escreveu Marco Antonio Villa no livro “Mensalão”. “O ‘encanto petista’ se desfez em 15 de maio de 2005. Era um domingo.”

 Villa se refere à primeira denúncia que desencadearia um dos maiores escândalos de corrupção já divulgados no Brasil. O mensalão, como ficou conhecido, envolvia uma série de pagamentos, ou mesadas, em troca de apoio político.

 O esquema ficou conhecido após o vazamento de um vídeo que mostrava um alto funcionário dos Correios recebendo propina. Esse caso manchou a reputação do partido e provocou o afastamento de figurões do governo, como o ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva José Dirceu, e outros menos votados. Na realidade, vagarosamente, mas com firmeza, sem retrocessos, o Brasil avança no combate à corrupção e à improbidade administrativa que antes campeavam livremente em todas as esferas de poder.

 Nesse contexto, a consequência principal do fétido mensalão e da condenação dos réus nele envolvidos é servir de exemplo, de standard, de paradigma verdadeiramente notável: de agora em diante, há um novo parâmetro de rigor na apreciação de crimes contra a administração pública, que deverá ser seguido por Juízes e Tribunais no julgamento de outros mensalões e mensalinhos, já que o País está cheios deles. Ontem, em São Paulo, na comemoração dos 10 anos do PT no governo federal, o presidente do partido, Rui Falcão, questionou mais uma vez a condenação de petistas pelo STF."

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