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sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A NOVA ROUPA DO REI
Naele Ochoa Piazzeta - Zero Hora, 30/09/2010
Num país distante, havia um soberano para o qual todas as riquezas do mundo eram insuficientes para satisfazer sua imensa vaidade. Um dia, dois tecelões, aproveitando-se de sua notória fraqueza moral, apresentaram-se com o que, diziam, serem os tecidos das mais belas padronagens, além de possuírem a qualidade de tornar invisível quem os vestisse. O rei imediatamente encomendou metros e metros da rara mercadoria. Ardilosos, os tecelões fingiram trabalhar em teares vazios e finalmente entregaram ao monarca o tão esperado produto. Despido, o rei saiu pelas ruas de seu reino. Todos que o viam, subjugados pelo poder que possuía, mostraram-se incapazes de avisá-lo de que nada vestia. Sobressaindo na multidão, uma criança gritou: “O rei está nu!”. Qualquer semelhança com fatos da vida real não é mera coincidência. A fábula acima saiu da pena de Hans Christian Andersen, na história cujo título tomo por empréstimo para este artigo.
Nunca antes na história deste país, fazendo uso do bordão tão repetido pelo presidente da República, viu-se tamanho descalabro.
O próprio chefe da nação desafiou inúmeras vezes a legitimidade do Poder Judiciário, tanto ao sobrepor-se às leis vigentes quanto ao descaso com as regras eleitorais. Assim demonstram as sucessivas multas por propaganda indevida, levadas com a leviandade que advém da soberba; defende abertamente a existência de um partido único, o seu, em afronta às regras de um Estado democrático de direito; luta desesperadamente pela mordaça à imprensa livre, mostrando-se incapaz de conviver com aqueles que ousam pensar e manifestar-se de forma diferente da que reza a cartilha do lulismo.
Os escândalos, por seu turno, se sucedem com rapidez vertiginosa. O produto da corrupção não é mais escondido em meias, cuecas ou maletas. Corre solto, livre e desavergonhado pelos corredores do Executivo e Legislativo. Acostumamo-nos com eles.
Não causa espanto ou indignação a desfaçatez de Joaquim Roriz, que, no próprio ato de desistência de sua candidatura ao governo do Distrito Federal, lança sua mulher e assegura aos eleitores que, sendo ela eleita, quem governará será ele.
Agora, além da “Mulher Pera”, que disputa uma cadeira para a Assembleia Legislativa de São Paulo, temos a “mulher laranja”, que empresta seu nome para a manutenção da dinastia Roriz.
Tiririca, por seu turno, canta jocosamente: “Cansado de quem trumbica? Vote em Tiririca”. Rindo, asseguramos-lhe uma votação maciça, sem levar em conta que ele é o palhaço útil para a eleição de notórios fichas-sujas, banidos anteriormente da vida pública. Tiririca, a exemplo de tantos outros candidatos, é o porta-estandarte do voto inútil e irresponsável.
A poucos dias da escolha dos representantes para os mais relevantes cargos eletivos de um regime democrático, torna-se imperativo ver a realidade como ela realmente se apresenta, a fim de evitar a repetição de errôneos lugares-comuns que trazem embutido o mais sério engodo a que um povo pode se submeter. Ao votar, deve-se fazê-lo como se esse voto fosse o único necessário para eleger o candidato escolhido. Ao votar, o eleitor tem o compromisso sagrado de não levar em conta as pesquisas de opinião, os pedidos de amigos, os favores a qualquer título. Votar exige consciência e mãos limpas.
Naele Ochoa Piazzeta - desembargadora do TJRS.
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3 comentários:
O rato roeu a roupa do rei de Roma, que viria ser um puta ratão.
Bjs.
____
Ei, já me abandonou!
Mais beijos.
Onde foi que já ouvi essa história?
Desejo o melhor para os brasileiros.
rsrsrsrsr......boa apimentada !!!!bjcas
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